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Como a Ferrari dobrou o faturamento em 10 Anos

Marca estabilizada há anos irá alcançar maior faturamento da sua história em 2025

Por Redação Space Edu — São Paulo

Última atualização – 02/07/2025 às 18:09

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Como uma marca de sucesso pode fazer ainda mais sucesso? Esse é um dos principais desafios de grandes empresários. Entre 2015 e 2025, a Ferrari registrou um crescimento de faturamento superior a 130%, saltando de US$ 2,85 bilhões para mais de US$ 7,2 bilhões, segundo o Relatório Anual da companhia. 

Esse avanço é resultado de uma estratégia de diversificação da linha de produtos com modelos híbridos e SUVs, ampliando a presença global, preservando a exclusividade. 

Saiba como essas estratégias foram aplicadas e onde a montadora teve os melhores resultados. 

Spin-off com o grupo Fiat Chryler

 

Um dos motivos para a mudança de posicionamento da Ferrari foi o processo de separação com o grupo Fiat Chrysler (FCA). Formalmente, começou em 2015, mas foi concluído apenas em 2016.

A Ferrari sempre foi a joia da FCA. Mas o perfil da montadora, que era de alta rentabilidade, exclusividade e perfil de marca de luxo, contrastava com o restante do grupo, voltado para veículos de produção em massa. 

Sergio Marchionne, o CEO da FCA na época, viu uma oportunidade estratégica para o grupo. A Ferrari poderia atuar de forma independente, captando recursos no mercado de capitais e sendo avaliada com múltiplos mais altos, típicos de marcas de luxo e não de montadoras tradicionais.

Em outubro daquele ano, a FCA realizou o IPO de 10% das ações da Ferrari na Bolsa de Nova York (NYSE) sob o ticker RACE. A demanda foi alta e a oferta foi bem-sucedida. Em janeiro de 2016, a empresa distribuiu os 80% restantes das ações da Ferrari que ainda detinha entre seus próprios acionistas. 

A Ferrari tornou-se uma empresa independente, com capital aberto e governança própria, embora ainda ligada à família Agnelli. A ação fez com que a marca construísse uma nova identidade corporativa, dando espaço para inovação.

 

 

Portfólio inovador e expansão rentável

A Ferrari ganhou o coração e a confiança dos seus clientes através dos esportivos. Dirigir a 250 GTO, F40, Testarossa ou LaFerrari sempre foi sinônimo de sucesso. 

 

Mas, após o spin-off, a marca teve liberdade para criar e testar novos modelos. A introdução da Ferrari Purosangue, primeiro SUV da marca, e dos híbridos SF90 Stradale, SF90 Spider, 296 GTB e 296 GTS, ampliou o alcance da marca para novos segmentos de alto padrão. 

 

De acordo com a Ferrari Capital Markets Day, mais de 55% dos pedidos em 2023 foram de modelos eletrificados.

O Purosangue, por exemplo, lançado com um motor V12 de 725 cv e preço base de US$ 400 mil, teve demanda tão elevada que a Ferrari suspendeu temporariamente novos pedidos para evitar listas de espera superiores a dois anos.

Expansão Global: O Papel da China

Outro segredo para a marca italiana foi expandir seus mercados. A China (incluindo Hong Kong e Taiwan) já responde por 11,3% das vendas globais, com 1.552 carros entregues em 2023 — quase o triplo de uma década atrás. 

O mercado norte-americano, no entanto, segue como o principal destino, com 3.447 unidades entregues (25,2% do total). Em seguida vêm EMEA (Europa, Oriente Médio e África), com 5.958 unidades, e Ásia-Pacífico (excluindo China), com 2.706 unidades comercializadas. 

Coreia do Sul, Austrália, Emirados Árabes e Tailândia têm se destacado por taxas de crescimento de dois dígitos ano a ano, impulsionados por novos milionários e políticas de abertura para veículos de alto luxo.

Resultados Esportivos x Percepção de Marca

Mesmo sem títulos recentes na Fórmula 1 — o último foi em 2007 com o finlandês Kimi Raikonnen, a Ferrari permanece entre as marcas mais valiosas do mundo. Em 2024, foi avaliada em US$ 9,2 bilhões pela Brand Finance, ocupando o 3º lugar entre as marcas automotivas mais fortes globalmente.

A dissociação entre performance esportiva e performance financeira comprova a força do brand equity da Ferrari, baseado em design, legado e exclusividade, mais do que em vitórias.



Novos lançamentos e estratégia para o futuro

As mudanças não vão parar. A Ferrari planeja lançar quatro novos modelos até 2026, incluindo, o primeiro modelo 100% elétrico, o sucessor do Ferrari 812 Superfast, que terá o motor V12 atualizado, e uma nova versão do Purosangue com edições limitadas, voltada ao colecionador.

Benedetto Vigna, CEO da Ferrari, deu entrevista recente e afirmou que “a eletrificação não compromete o DNA da marca”. Na visão do atual conselho, é uma oportunidade de elevar a experiência do cliente.

Além dos lançamentos de veículos, a empresa está investindo em softwares embarcados, telemetria em tempo real e integração com ecossistemas de mobilidade de luxo.

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